A mais recente peça de propaganda de Glenn Greenwald, publicada por Veja, acusa o ex-juiz de manter conversas fora dos autos com Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do MPF.

Dá como “exemplos robustos” contatos feitos por Telegram em que Moro pede a manifestação dos procuradores sobre petições de advogados, em diferentes casos.

Se Greenwald e sua equipe de jovens jornalistas tivessem consultado os autos de cadas um dos processos mencionados, descobririam que os contatos telefônicos de Moro com pedidos e cobranças ao MPF foram devidamente registrados.

Foi o que O Antagonista fez, como parte de qualquer apuração jornalística decente e imparcial.

Num desses contatos, inclusive, o juiz alerta para a urgência do caso, por se tratar de “réu preso”, demonstrando a preocupação com o acusado – o oposto do que alegam Glenn e seus parceiros.

Diz a Veja: “Em 2 de fevereiro de 2016, por exemplo, o juiz escreve a ele: ‘A odebrecht peticionou com aquela questão. Vou abrir prazo de três dias para vcs se manifestarem’. Dalla­gnol agradece o aviso. Moro se refere ao questionamento da Odebrecht à Justiça da Suíça a respeito do compartilhamento de dados, incluindo extratos bancários, da empresa naquele país. Grosso modo, a empreiteira tentou impedir que o Ministério Público suíço enviasse dados à força-tarefa. Preocupado com a história, Moro pede notícias a Dalla­gnol no dia 3. ‘Quando será a manifestação do MPF?’, pergunta.”

Disponível para consulta no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná, o despacho de Moro, datado do dia 2, é claríssimo. Diante de uma “questão relativamente complexa”, ele pede a manifestação do MPF.

E ainda garante o devido prazo à defesa: “Como a ação penal está em prazo de alegações finais para a Defesa e trata-se de questão prejudicial, suspendo o prazo para alegações finais da Defesa. Oportunamente, devolverei o prazo remanescente. Intime-se o MPF, com urgência e por telefone (já que há acusados presos).”



Já em referência ao caso de José Carlos Bumlai, diz a Veja de Greenwald em nova ilação: “Dentro da relação estabelecida pela dupla, chama atenção também o momento em que Dalla­gnol dá dicas ao ‘chefe’ sobre argumentos para garantir uma prisão. Isso aconteceu em 17 de dezembro de 2015, quando Moro informa que precisa de manifestação do MPF no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. ‘Ate amanhã meio dia’, escreve.”

Nos autos disponíveis para consulta às partes, a história é diferente. Moro mais uma vez registra o pleito da defesa de José Carlos Bumlai, pela revogação da prisão preventiva, e intima o MPF por telefone. Mais uma vez, trata-se de uma decisão em benefício do réu preso e devidamente formalizada.